
Estava cansado e procurando um paraíso para passar alguns dias de descanso, ou mesmo algumas horas. Então, em um belo sábado recebi um convite de dois amigos. Vamos ao Paraíso? Eu relutei, não queria ir, pois tinha inúmeras atividades e compromissos, mas como desejava imensamente está no paraíso, fui.
Todo paraíso tem uma porta estreita por onde passam poucos. Cheguei cedo ao paraíso e fiquei a espera de mais um amigo para adentrá-lo e passar as melhores horas da minha futura vida e com isso poder refletir mais uma vez a respeito dela. Ao entrar no paraíso, vejo poucas luzes, estava muito frio e tinha poucas pessoas, mas o som que soava aos meus ouvidos era sugestivo e inspirava-me a permanecer ali na espera dos habitantes daquele lugar.
Não demorou muito e logo encontrei o primeiro anjo que me recepcionou com toda gentileza do mundo, ou do paraíso, ainda não sei. Não sabia, mas no paraíso tem bebidas deliciosas e que nos deixa leves como deve ser um habitante de um lugar como aquele. Então resolvi beber o primeiro brinque dos Deuses.
Quando o paraíso estava com sua capacidade máxima encontro outro anjo ( os anjos são tão diferentes um dos outros, mas isso é o que deixa o paraíso mais belo) que me ensinou o quanto a vida é complexa,cheia de dúvidas, inverdades, mistérios, desejos ardentes e muito amor, amor límpido, amor carinhoso, amor safado, amor desonesto. Mas logo que esse anjo me ensinou essas coisas foi embora, pois precisa continuar seu oficio de professor, aquele que ensina.
No paraíso as coisas geralmente são complexas e precisam de um entendimento mais elaborado para que haja uma profunda reflexão e com isso um entendimento pleno. A melhor atividade no paraíso é observar. Essa observação deve ser feita com olhos de águia, sutileza de uma serpente e a beleza de um gato negro de olhos azuis.
Depois de algum tempo no paraíso, a temperatura passa de frio para quente, ardente, que faz transpirar. Nesse momento penso que o paraíso tenha virado inferno, mas é tolice da minha parte, ou até mesmo engessamento de uma mente que quer vê o paraíso com olhos de uma sociedade hipócrita. Só sei que a temperatura tinha mudado, mas o paraíso continuava encantador e prazeroso.
Depois de algumas horas encontro o terceiro anjo, esse me mostrou o quanto é importante ter uma observação pautada pelos olhos de uma águia, pela sutileza de uma serpente e pela beleza de um gato negro de olhos azuis. E ainda me ensinou o que o poeta já dizia “quem passou por essa vida e não viveu, pode ter mais, mas valeu menos do que eu, porque a vida só se da pra quem se deu, pra quem chorou, pra quem amou, pra quem sofreu...” (Maria Bethânia)
A felicidade dura pouco e era chegada à hora de deixar o paraíso, sai do paraíso perplexo com tamanha beleza, pureza, verdade, mistério e dúvidas, mas com uma sensação de satisfação incontrolável. Bem que me avisaram que o paraíso é esplendoroso. Ao sair, dei de cara com o nascer mais lindo do sol de domingo, esse sol foi quem me inspirou a escrever essas embaralhadas palavras.
Procure o seu Paraíso...
]Jânio Elpídio de Medeiros[