Por: Marcos Tomé
Contagem
regressiva para um dos momentos mais decisivos de nossa história... política!
Isso mesmo! Sinto-me, vivendo esta contagem, como se estivéssemos naquele momento
de espera pelo Ano Novo, acompanhando o calendário, olhando para o relógio e
com a visão direcionada aos céus, contemplando os foguetórios. Eu diria até que
esta mesma espera se refere à chegada da Gestão Nova. Daí o fato de eu ter
grafado a expressão com inicial maiúscula. Simples alusão a um momento especial,
mesmo sabendo que no calendário, o momento e a expressão ainda não existem
oficialmente. Pelo menos, ainda não! E esta expectativa tem muitos pontos em
comum. Todos, numa espera freneticamente contagiante, se colocam a contar os
dias e a ‘trabalhar’ para que este acontecimento seja incrivelmente marcante,
satisfatório.
E
é exatamente nesta palavra ‘satisfatório’, onde está o ponto de conflito de
toda a narrativa política que se compõe neste período. Há quem se coloca no
sentido oposto, afirmando não gostar do momento de espera e chegada do Ano
Novo. E isto, salvo engano, é uma quantidade irrisória, ou seja, não muito
significativa. Afinal de contas, nesta vivência também está implícita a
liberdade de gostar ou não da celebração. O que é inegável, é que tudo isto é
vivenciado num clima onde todos estão imersos em profundo campo da
fraternidade. Porém, quanto à espera pelo dia de escolha da Nova Gestão, nesta
a liberdade de escolha não se apresenta tão nítida assim (se é que existe),
muito menos o clima fraternalmente generalizado. Até porque a celebração se inicia com a
obrigatoriedade do voto, para só então poder comemorar os resultados.
E
nisto lá se vão meses de esforços, trabalhos, projetos, metas... E tudo é
teorizado e vivenciado no terreno fértil da competitividade, da divisão, dos
espíritos acirrados pela ganância, pela desonestidade, pela compra ilícita,
pelas recordações vergonhosas e pelo currículo não muito invejoso de alguns
‘elegíveis’. Lembram da palavra ‘fraternidade’? Pois bem, aqui ela já não se faz tão presente. Se
naquele momento ela (a fraternidade) recebia o título de personagem principal,
aqui esta palavra torna-se totalmente inaceitável. Não que seja desnecessária,
mas porque ele não combina com as outras palavras que tomam conta do momento. E
a principal delas é a ‘ganância’. Será que aqui temos uma exceção para aquela
frase tão conhecida: “os opostos se atraem”?
Neste caso, as oposições se repelem, se digladiam. E o povo, ao
contrário daquele povo no coliseu romano, não é mero expectador. O povo
torna-se reprodutor (em massa) desta divisão, deste partidarismo. E temos com
isso mais outras palavras que sufocam a palavra fraternidade: partido,
partidário... Tudo leva à divisão. E este mesmo povo se divide em duas grandes
partes: a parte daqueles que já estão dentro (por isso lutam para permanecer
bem vistos) e a parte daqueles que querem entrar (de preferência, sem
concurso). Interesses individuais, corporificado por partículas de ganância.
Luta pela sobrevivência?
E,
enquanto deposito minhas ideias aqui, à procura de uma conclusão para este
texto, lembro-me de uma frase célebre (de um Homem também célebre): “Nenhum
reino dividido sobre si mesmo sobreviverá”. E é pensando exatamente nisto, que
a minha impressão se torna cada vez mais nítida... a impressão de que, eleição
após eleição, nosso castelo é apenas construído, ou melhor, reconstruído em
cima da areia. E olhem que devemos considerar este Homem, assim como alguns
outros, um dos maiores políticos da história da humanidade. Eu disse ‘políticos’
e não ‘politiqueiros’. Será que é por isso que aquele ‘gosto amargo’ do
insucesso sempre paira não no céu de nossa boca, mas no céu de nossa cidadania?
Um Feliz Dia de Eleição para todos!