domingo, 30 de setembro de 2012

Feliz Dia de Eleição!


Por: Marcos Tomé

Contagem regressiva para um dos momentos mais decisivos de nossa história... política! Isso mesmo! Sinto-me, vivendo esta contagem, como se estivéssemos naquele momento de espera pelo Ano Novo, acompanhando o calendário, olhando para o relógio e com a visão direcionada aos céus, contemplando os foguetórios. Eu diria até que esta mesma espera se refere à chegada da Gestão Nova. Daí o fato de eu ter grafado a expressão com inicial maiúscula. Simples alusão a um momento especial, mesmo sabendo que no calendário, o momento e a expressão ainda não existem oficialmente. Pelo menos, ainda não! E esta expectativa tem muitos pontos em comum. Todos, numa espera freneticamente contagiante, se colocam a contar os dias e a ‘trabalhar’ para que este acontecimento seja incrivelmente marcante, satisfatório.

E é exatamente nesta palavra ‘satisfatório’, onde está o ponto de conflito de toda a narrativa política que se compõe neste período. Há quem se coloca no sentido oposto, afirmando não gostar do momento de espera e chegada do Ano Novo. E isto, salvo engano, é uma quantidade irrisória, ou seja, não muito significativa. Afinal de contas, nesta vivência também está implícita a liberdade de gostar ou não da celebração. O que é inegável, é que tudo isto é vivenciado num clima onde todos estão imersos em profundo campo da fraternidade. Porém, quanto à espera pelo dia de escolha da Nova Gestão, nesta a liberdade de escolha não se apresenta tão nítida assim (se é que existe), muito menos o clima fraternalmente generalizado.  Até porque a celebração se inicia com a obrigatoriedade do voto, para só então poder comemorar os resultados.

E nisto lá se vão meses de esforços, trabalhos, projetos, metas... E tudo é teorizado e vivenciado no terreno fértil da competitividade, da divisão, dos espíritos acirrados pela ganância, pela desonestidade, pela compra ilícita, pelas recordações vergonhosas e pelo currículo não muito invejoso de alguns ‘elegíveis’. Lembram da palavra ‘fraternidade’? Pois bem, aqui ela já não se faz tão presente. Se naquele momento ela (a fraternidade) recebia o título de personagem principal, aqui esta palavra torna-se totalmente inaceitável. Não que seja desnecessária, mas porque ele não combina com as outras palavras que tomam conta do momento. E a principal delas é a ‘ganância’. Será que aqui temos uma exceção para aquela frase tão conhecida: “os opostos se atraem”?  Neste caso, as oposições se repelem, se digladiam. E o povo, ao contrário daquele povo no coliseu romano, não é mero expectador. O povo torna-se reprodutor (em massa) desta divisão, deste partidarismo. E temos com isso mais outras palavras que sufocam a palavra fraternidade: partido, partidário... Tudo leva à divisão. E este mesmo povo se divide em duas grandes partes: a parte daqueles que já estão dentro (por isso lutam para permanecer bem vistos) e a parte daqueles que querem entrar (de preferência, sem concurso). Interesses individuais, corporificado por partículas de ganância. Luta pela sobrevivência?

E, enquanto deposito minhas ideias aqui, à procura de uma conclusão para este texto, lembro-me de uma frase célebre (de um Homem também célebre): “Nenhum reino dividido sobre si mesmo sobreviverá”. E é pensando exatamente nisto, que a minha impressão se torna cada vez mais nítida... a impressão de que, eleição após eleição, nosso castelo é apenas construído, ou melhor, reconstruído em cima da areia. E olhem que devemos considerar este Homem, assim como alguns outros, um dos maiores políticos da história da humanidade. Eu disse ‘políticos’ e não ‘politiqueiros’. Será que é por isso que aquele ‘gosto amargo’ do insucesso sempre paira não no céu de nossa boca, mas no céu de nossa cidadania? Um Feliz Dia de Eleição para todos!

Marcos Tomé


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