Operários, 1933, Tarsila do Amaral |
A pergunta acima é um tanto
complexa, e levanta um muro de ideias entre capitalistas e socialistas.
Contudo, me veio à mente esta reflexão ao chegar de um dia cansativo de
trabalho, e, ao abrir uma coluna em uma revista eletrônica que aprecio, sobre
economia, encontrar uma entrevista dada pelo presidente da CNI (Confederação
Nacional da Indústria), Robson Braga de Andrade, após reunião com o Presidente
interino Michel Temer, sobre os caminhos que deve o Brasil seguir para
enfrentar a famigerada crise econômica.
O Brasil deve estar aberto às
mudanças, assim falou o presidente da CNI. Porém, quais mudanças tomar? Segundo
Braga tais mudanças devem iniciar pela legislação trabalhista, e, a exemplo da
França, as empresas devem negociar com
empregados o aumento da jornada para até 80 horas semanais. Seria cômico, se
não fosse trágico! Além disso, Braga citou ainda que a iniciativa privada está
“ansiosa” e o governo deve adotar medidas “duras, modernas, e difíceis para a
economia”.
Face ao pronunciamento, eis a
questão: o trabalho enobrece o homem ou empobrece a vida? De onde vem a nobreza
do trabalho? Considerando que um dia tem vinte e quatro horas, das quais ao
menos 11 destas são reservadas aos empregadores, inserindo horário de almoço,
realizado em dois turnos, e aproximadamente duas ou três horas com os
deslocamentos, lembrando o estresse com o trânsito, por exemplo, nos grandes
centros, para chegar ao local de trabalho, o trabalho pode criar uma rotina
maléfica e desestimulante ao trabalhador.
Restam-nos, então, pouco mais de
treze horas, dentre as quais dez destas estarão reservadas para cuidarmos de
nossa existência básica, inserindo aqui uma média de 8h para dormir, nos
alimentarmos, ou o cuidado de nossa higiene.
O que sobra? Pouco mais de três
horas para fazermos o que gostamos. Às vezes, a prática de um exercício físico,
um lanche com a família, a leitura de um livro, sem esquecer o cansaço de um
dia corrido, e, às vezes, a preguiça de nos dedicarmos a estas atividades,
descartando esse tempo em frente a um computador. O resultado? Um vazio. O
desestímulo. A angústia.
Assim,
sobre o pronunciamento acima só vi asneiras, e ideias inconstitucionais. Está
salvaguardado na Constituição Federal, art. 7º, XIII “a jornada do trabalho
normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
facultando a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou
convenção coletiva de trabalho”.
Sim, o Brasil deve estar aberto
às mudanças, mas mudanças benéficas àqueles que constroem diariamente este
país: o trabalhador. O governo não pode, objetivando beneficiar a iniciativa
privada, ir de encontro ao trabalhador.
Qual o caminho? Essa é uma
pergunta difícil para um jovem que cresceu com país em desenvolvimento, e que
até então não vivenciara uma crise econômica de tamanha dimensão. Todavia, sem
dúvidas, afetar ao trabalhador não é o caminho. Max Weber, falando sobre o
tema, assentiu: “O trabalho enobrece o homem”. Max não estava errado, mas é
preciso garantir o estímulo, e, por sua vez, a diversão do trabalho.
ALVES JÚNIOR, J. S
Graduando em Direito, Unipê | PB
Onde estão as panelas dos nobres apoiadores desse governo golpista?
ResponderExcluir