terça-feira, 16 de agosto de 2011

O beijo

Eddy Souza é aluno do curso de Design da Universidade Federal da Paraíba e uma revelação no mundo do Design. Em uma conversa informal comigo sobre o que fazer para apresentar a disciplina de Estética chegamos a conclusão que o Eddy deveria falar algo relacionado a homossexualidade e como todo artista, mas no caso de Eddy, um artista talentoso,ele resolveu criar uma obra que falasse do beijo homossexual.



O beijo

Por: Eddy Souza

A obra denominada de “ O beijo”manifestou-se da necessidade da exploração da temática homossexual onde, atualmente, esta condição sexual está ligada a noção de uma sexualidade que erroneamente é definida como "contra a natureza" e foi incorporada e acrescida da idéia de pecado. O homossexual então transformou-se em um personagem onde muitos acreditam que nada de seu todo escapa à sexualidade e conseqüentemente o sujeito passou a ser julgado, valorizado, aceito ou rechaçado a partir de sua prática sexual.

O entrelaçamento dos dois símbolos masculinos simboliza todas as orientações sexuais minoritárias e manifestações de identidades de gênero divergentes do sexo designado no nascimento. Pintandos de negro para remeter a todo tipo de preconceito, intolerância ou violência, tanto física quanto emocional sofrida por toda essa população e também cor essa que representa á todos os direitos negados á esse conjunto de pessoas ou as restrições a que elas se submetem, como por exemplo, o beijo em público, que apesar de muitos alegarem que essas pessoas possuem tal liberdade, o beijo homossexual em locais coletivos vem acompanhado de olhares recriminadores, expressões de nojo e violências verbais.

Com o objetivo de uma materialização da técnica pontilhista utilizada pelo artista Roy Lichenstein, as miçangas utilizadas na confecção de bijuterias fora empregadas para a representação dessa técnica, já que os pontos encontrados nas obras do artista seriam melhor representados tridimensionalmente com pequenas esferas. Essas miçangas foram pintadas em seis cores distintas: vermelha, laranja, amarela, verde, azul e lilás. A disposição dessas miçangas coloridas foram inspiradas no símbolo do arco-íris, símbolo este que é a marca do movimento LGBT, representando a união das diferenças. A aleatoriedade da disposição dessas miçangas representa as diversas formar de percepção da homossexualidade, aludindo aos grupos sexuais. Essa segmentação além de remeter as obras de Roy Lichenstein também pode ser interpretada como o próprio preconceito entre os coloridos, onde gays, lésbicas, bissexuais, transexuais, travestis e transgêneros é algo que só quem pertence a algum segmento da sigla LGBT . A maioria dos héterossexuais costuma acreditar que todas as letras se adoram e convivem em perfeita harmonia, como as cores da bandeira do arco-íris, mas, os homossexuais, essa é uma situação quase utópica.

Gays ‘bofinhos’ não gostam de ‘pintosas’, que não gostam de travestis, que não vão com a cara de lésbicas ‘caminhoneiras’, que não se dão bem com bissexuais patricinhas e assim por diante.

A composição dessa obra causa um impacto intrigante a quem a ver, fazendo com que o observador lide com a temática homossexual logo revelada a partir da observação do símbolo da união homossexual localizada no centro da obra, quanto no ilusionismo causado pela segmentação das esferas coloridas ao redor do mesmo, gerando ao observador a idéia de que de longe a a bandeira parece o arco-íris perfeito, onde todas as cores estão em perfeita harmonia, mas que de perto e de outros ângulos, a bandeira esta bem “segmentada” tanto em conteúdo quanto plasticamente.

Um comentário:

  1. Acompanhei a confeccção da obra e esta foi muito bem estruturada e pensada para abordar "o beijo", como algo natural entre pessoas do mesmo sexo. Meu amigo Eddy Souza, nos trouxe esta maravilha obra que aos aolhos de alguns ainda pode criar as expressões citadas por ele acima: nojo, olhares que recriminam. São através de gestos e obras como essa, que podemos dar um passo a frente, no que diz respeito ao preconceito que infelismente ainda existe.

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